domingo, março 15, 2009

«A Importância do Norte na História da Madeira» por Dr. Alberto Vieira

A ideia vigente é de que o Norte não tem qualquer protagonismo na História da Madeira. O Norte ter-se-á mantido isolado, no esquecimento de todos até que o século XX lhe arrancou o casulo. Esta não é todavia a verdade, pois a encosta norte manteve com o Sul uma relação de íntima cumplicidade, com o comprova a História nos últimos cinco séculos. A sobrevivência do Sul foi conquistada à custa do Norte, sendo a água e o parque florestal os traços de união desse casamento. E é esta mútua cumplicidade que importa, aqui e agora, revelar.
A descoberta da ilha sucede desde princípios do século XV mas tardará muito tempo até que todo o solo seja pisado por europeus. A orografia da nova descoberta, por um lado, e as dificuldades da navegação costeira, por outro, levaram a um desenvolvimento desigual das suas vertentes norte e sul. Por outro lado é bastante evidente a inter-dependência dos dois espaços, sendo exemplo disso a água e a floresta. Ambas as realidades deixaram marcas evidentes no devir histórico da ilha. A revitalização do Sul dependeu sempre desta reserva do norte: aquífera, silvícola e agrícola
A tradição historiográfica refere, desde a década de quarenta do século XV, a chegada dos primeiros aventureiros, que desbravaram a floresta e entraram ribeira adentro. Aí ficaram votados ao isolamento e só no decurso do século XVII começaram a ganhar alguma importância. No século XVI novas freguesias haviam surgido a atestar o incremento populacional da encosta norte, fruto da pressão do movimento demográfico no sul. Ao mesmo tempo a afirmação da economia açucareira provocara o desbaste da floresta que envolvia os canaviais do sul e houve necessidade de avançar ilha adentro à procura de lenhas e madeiras. E, mais uma vez o Norte impõs a sua riqueza ao Sul, fazendo depender o seu progresso económico disso.
É precisamente nesta altura que o Norte adquire alguma
importância, começando a ser devassado e ocupado pelas gentes do sul. Desde então o Norte passa a adquirir um lugar de relevo na história da ilha, assumindo demarcado protagonismo em algumas partes. É também a partir de então que as gentes do norte tomam consciência dessa importância e buscam um estatuto sócio-político especial, alcançado após uma demorada luta, em 1744 com a criação do primeiro concelho nesta vertente tendo como sede a freguesia de São Vicente.
Desse protagonismo, fruto das condições oferecidas pelo eco-sistema, passa-se aquilo que tem nos seus naturais os principais obreiros, isto é a humanização das escarpas e margens das ribeiras. As gentes do norte destacam-se pelo seu caracter obreiro e empreendedor. Rasgaram a floresta e nela, pedra sobre pedra, ergueram um jardim de socalcos, onde as culturas de grande rendimento económico se entrecruzaram com as necessárias à subsistência dos naturais.
As dificuldades de acesso por mar e terra a esta vertente norte e os parcos recursos, para a afirmação plena da economia açucareira e viti-vinícola, definiram o secular abandono a que foi votado pelo que só raramente merece a atenção do escriba oficial. Esta região quase que não passava de uma coutada dos senhores de Machico, donde retiravam o gado e as necessárias madeiras e lenha que nos séculos XV a XVII alimentaram os engenhos do sul.

A DESCOBERTA DO NORTE
Não se sabe ao certo quando começou o povoamento da encosta norte da ilha. As dificuldades de penetração, por via marítima e terrestre, terão sido factor de ponderação para os possíveis interessados e actuaram, de certeza,como entrave à sua humanização. É provável que desde meados do século XV tenham afluído a esta encosta norte alguns povoadores que traçaram os novos povoados nas clareiras abertas. S. Vicente foi sem dúvida o primeiro logradouro, seguido de Ponta Delgada. Boaventura deverá ser lugar de assentamento muito mais recente e nunca assumiu a importância das anteriores. O facto de se encontrar a meio caminho na ligação à vertente sul pelo Curral das Freiras terá propiciado a
sua valorização.
Não obstante surgirem referências à fixação de colonos nesta área a partir da segunda metade do século XV, sómente na centúria seguinte os primeiros núcleos populacionais adquirem alguma importância, como se poderá verificar com o aparecimento das primeiras freguesias - S. Jorge (1517), P. Delgada (1552), Seixal (1552) -. A de São Vicente é referida como mais antiga, pois a tradição apresenta a data de 1440 como a da sua fundação.
S. Vicente foi, desde o século XV, o principal e mais importante núcleo de povoamento do norte da Madeira, que, por isso mesmo, teve direito a capelania, estabelecida de acordo com o número de moradores. Em face desta evidência, só a pertinácia das autoridades municipais machiquenses conseguiu iludir a coroa das potencialidades desta freguesia nortenha para assumir a condição de vila-sede de um novo município.
A criação de uma vila na vertente norte era uma necessidade cada vez mais premente em face do desenvolvimento económico e social que vinha adquirindo com o surto da economia viti-vinicola. A sua dependência em termos administrativos da sede da capitania em Machico prejudicava em muito os direitos destas gentes que tinham necessidade de aí se deslocarem para resolver as mais diversas questões. O acesso por terra ou por mar era difícil quando não impossível, ficando assim as populações desta área à mercê dos caprichos dos senhores de Machico. Deste modo a reivindicação do estatuto de vila para o lugar de S. Vicente ia ao encontro das cada vez mais incessantes solicitações das gentes da encosta norte. Este era o único processo de corresponsabiliza-las no governo da sua área e de motiva-las para o progresso da mesma.

FESTAS E ROMARIAS PARA TODA A ILHA
A afirmação do Norte estende-se também ao domínio religioso, situando-se aí algumas festas religiosas de grande acolhimento em toda a ilha.
Hoje, quando se fala na devoção religiosa das gentes
do norte vêm-nos à memória, no imediato, as romarias do Senhor Bom Jesus (no primeiro domingo de Setembro) e de Nossa Senhora do Rosário (no primeiro Domingo de Outubro). Ontem como hoje estas duas manifestações religiosas continuam a ser um dos momentos mais importantes da vivência religiosa e folia. Ontem como hoje mantêm-se como festividades regionais que fazem atraír milhares de romeiros ou forasteiros.
O Senhor Bom Jesus e Nossa Senhora do Rosário firmaram-se desde muito cedo na devoção das gentes do norte e também de toda a ilha. O Senhor Bom Jesus é a devoção mais antiga e terá surgido na ilha desde 1466 com Manuel Afonso Sanha um colono oriundo de Braga que fez transplantar para a sua sesmaria na Ponta Delgada o seu patrono. Deste modo, a primeira ermida que também fez erguer foi em sua honra. Da devoção privada passou-se à de todas as gentes do local, da encosta norte, e, depois, de toda a ilha.
A afluência dos peregrinos ao local de romagem era grande e fazia-se através dos caminhos que ligavam o local ao sul da ilha, por via de Boaventura ou de S. Vicente. Deste modo na última semana de Agosto era desusado o número de peregrinos que calcorreavam a pé as encostas íngremes. No século XX com a abertura das estradas de ligação entre S. Vicente e a Ribeira Brava e Ponta Delgada o movimento tranferiu-se para a estrada.
Na freguesia de São Vicente a principal romaria foi e continua a ser a de Nossa Senhora do Rosário. O culto é antigo mas não se sabe desde quando se tornou no centro das atenções dos romeiros de toda a ilha. Desde 1643 temos conhecimento de alguns legados de missas a Nossa Senhora do Rosário com a presença de romeiros. A festividade ganhou fama em toda a Madeira e o culto a Nossa Senhora do Rosário fazia atrair ao lugar, no primeiro domingo de Outubro, muitos romeiros. Os testemunhos disso estão nos diversos legados de missa com a obrigação da presença de romeiros.

A RIQUEZA BOTÂNICA E GEOLÓGICA
Uma das maiores riquezas desta encosta está na sua rica
e frondosa floresta. Para além do seu aspecto económico, que foi um dos factores de grande impacto na história e vida das gentes, é de salientar ao nível cioentífico o interesse que aa área desperta, pela variedade e raridade das espécies aí existentes.
É neste espírito que se enquadra a criação, em 1989, do Jardim de Plantas Indígenas da Madeira, uma iniciativa do Clube de Ecologia Barbusano que contou com o apoio do Fundo Mundial para a Natureza (WWF - Worl Wide Fund For Nature) e da Câmara Municipal de São Vicente,. Num local acessível ao grande público prosperam muitas das espécies da Laurisilva e algumas outras típicas das falésias da beira mar. O Jardim ocupa uma área de 2200 metros quadrados no interior da vila.
A transformação dos troncos em taboado era feita pelas serras de água. Este era um engenho mecânico movido a água, com vantagens sobre o sistema manual no sentido de que era muito mais rápido e necessitava apenas de um só homem. As serras de água surgiram junto dos cursos de água e das áreas onde existia madeiras suficientes para a sua laboração ou então eram de fácil acesso. A toponímia testemunha ainda hoje o local onde funcionaram algumas destas serras. Em Boaventura temos o Lombo da Serra de Água, enquanto em S. Vicente o Lugar da Serra de Baixo e a Cova da Serra Velha.
Em termos geológicos a freguesia de S. Vicente apresenta uma particularidade em relação às demais, isto é, uma intercalação calcárea marinha, que só tem caso parecido nas Ilhas de Santa Maria e Porto Santo. A exploração da pedreira calcárea remonta a meados do século XVII. A referida pedreira fora adquirida pelo vigário de S. Vicente, Francisco Pestana, que depois a doou à Confraria do Santíssimo Sacramento. Foi ele que iniciou a sua exploração, construindo nas suas imediações um forno. No último quartel do século XVIII estão documentados dois fornos: um no cabo da Ribeira do Mato, propriedade de Manuel Pestana de Andrade e outro na Vila, nas proximidades da Igreja, pertença da Confraria do Santissímo Sacramento.
Mas não se esgota aqui a sua riqueza geológica, pois também é de referenciar a existência de um grupo importante de grutas, resultantes de canais de lava,
que brevemente serão abertas ao público.

RIQUEZA PRODUTIVA
A orografia desta vertente norte e em especial da área circunscrita ao concelho de S. Vicente não configura, à partida, grandes possibilidades agrícolas. A preparação do solo para o cultivo foi uma tarefa muito árdua. Por isso, no início da ocupação esta área ficou abandonada a si própria e só ganhou importância no segundo momento pela necessidade das madeiras e pressão do movimento demográfico.
A cultura e indústria dos vimes tiveram um notável incremento a partir da segunda metade do século XIX. A Camacha, foi o primeiro e mais importante centro produtor e transformador. A Boaventura seguiu-lhe o exemplo e assumiu a segunda posição. O lugar dispunha de óptimas condições para tal: inúmeros regatos, nascentes, enfim abundância de água tão necessária aos vimeiros.
Maior interesse despertava o gado vacum pela sua dupla utilidade do estrume para fertilizar a terra e do leite para consumo doméstico ou venda. Neste último caso foi um importante suplemento da economia familiar. A venda do leite às cooperativas é uma tradição que se manteve até à actualidade. Por outro lado, tivemos a Cooperativa de Lacticínios do Norte com instalações no Sítio do Livramento, servindo-se de uma Central Eléctrica, para o efeito no Sítio do Cabouco. Com esta fábrica iniciou-se a produção industrial de manteiga que há muito já se fazia ao nível caseiro. A importância do gado vacum no concelho é testemunhada pelas inúmeras doações e legados onde é frequente a sua presença. Também a toponímia o regista: Lombada das Vacas, Achada das Vacas.
A importância agrícola da vertente norte da ilha assentou, no princípio, nas culturas de subsistência, que asseguravam as necessidades dos colonos aí instalados e um suplemento que era escoado para a vertente sul. Gaspar Frutuoso, em finais do século XVI, dá-nos conta desta situação. Assim, quando refere as duas freguesias do concelho, ainda que laconicamente, diz que em Ponta Delgada "vinhas e criações e lavrança
de pão e frutas de toda a sorte" e para S. Vicente "grandes terras de lavrança de pão, e criações e muitas frutas de castanha, noz e de outra sorte, muitas vinhas...". Em ambas as freguesias é já manifesto a importância que assumia a viticultura referindo apenas "muitas vinhas". Todavia será no decurso do século XVIII e XIX que esta cultura assumirá uma posição dominante na economia do concelho.
Foi com a cultura da vinha e cana de açúcar que o norte da ilha adquiriu alguma importância no contexto da economia agrícola. A vinha terá surgido desde muito cedo, adquirindo já em finais do século XVI alguma importância, como o testemunha Gaspar Frutuoso. A partir do século XVIII a vertente norte da ilha era já uma importante área produtora de vinho. As vinhas plantavam-se por todo o lado e cresciam entrelaçadas no arvoredo. Este sistema era conhecido como balseiras.
A área por excelência da cultura da cana de açúcar foi a vertente sul. Todavia, no segundo momento da sua afirmação na agricultura da ilha a partir da segunda metade do século XIX, expandiu-se a toda a ilha chegando às freguesias do concelho. Od vestígios de alguns engenhos de fabrico de aguardente são testemunho disso, nomeadamente em Ponta Delgada, donde Horácio Bento de Gouveia deixou memória escrita em "Águas Mansas".

AS GENTES DO NORTE
Vários foram os troncos genealógicos que aqui deitaram raízes. Gerações de lavradores, morgados, artesãos, militares, antigos povoadores deram ao concelho trabalho, honradez e nobreza de que hoje todos os seus descendentes se orgulham.
Ponta Delgada ficou conhecida como a "Corte do Norte". Isto deve-se ao facto de aí ter existido um grupo significativo de famílias importantes, com muitos interesses fundiários. Destas a mais citada é a Carvalhal. Mas outras seguiram-lhe o rasto. O importante núcleo de casas solarengas é o testemunho mais evidente disto. O mesmo se poderá dizer sobre a freguesia de S. Vicente onde surge um núcleo relevante
de casas solarengas.
De entre todos os troncos familiares do norte destaca-se a família Carvalhal da Ponta Delgada. António Carvalhal, moço fidalgo, é referenciado por Gaspar Frutuoso como "homem tão cavaleiro como esforçado por sua pessoa, nobre e magnífico por sua condição e grande virtude". A sua valentia ficou demonstrada por diversas vezes nos embates contra os corsários franceses, nomeadamente em 1566, com o assalto ao Funchal, ao reunir na encosta norte quinhentos homens para o embate. Aquando da ocupação filipina António Carvalhal trouxe do norte 300 homens que os colocou ao serviço do rei Católico entre Maio e Setembro de 1582. Um descendente seu, António Carvalhal Esmeraldo, conhecido como Aonio, foi um dos mais importantes poetas da época, deixando inéditos os seus poemas.
As gentes do Norte foram também obreiras fora de portas, destacando-se na ilha ou fora dela, como cientistas, médicos, advogados, políticos, militares, jornalistas, escritores, actores e cineastas.
São inúmeros os nortenhos que até hoje se têm evidenciado nos diversos campos, mas de entre estes relevam-se alguns pela projecção da sua obra no plano regional, nacional e, por vezes, internacional.
No campo das letras temos:
- José Júlio de Paulo e Vasconcelos, de Boaventura (1776- 1855), que escreveu um nobiliário madeirense.
- O Conselheiro Francisco António de Freitas , de Ponta Delgada(1826-1913), um destacado investigador madeirense, que não deixou obras publicadas, mas reuniu uma importante biblioteca depois adquirida pela Câmara Municipal do Funchal.
- Horácio Bento de Gouveia, natural de Ponta Delgada (1901-1983), considerado o "Aquilino madeirense" deixou uma volumosa obra literária onde traça um retrato realista da zona norte, nomeadamente da sua terra Natal, Ponta Delgada. A vivência do homem do lugar, como lavrador de cana, viticultor, ou emigrante, são um dos elementos preferidos da sua prosa.
É na política e no jornalismo que surge maior número de figuras de destaque:
- António Gonçalves de Freitas, de Ponta Delgada (1827- 1875), foi considerado pelo Padre Fernando Augusto da Silva como "um dos mais distintos madeirenses do século XIX". Várias vezes assediado com cargos de ministro apenas aceitou ser deputado pela Madeira (1860-1865).
- Manuel Maria de França, de S. Vicente (1862-1948), foi juiz de direito, empenhando-se ainda na vida política e no jornalismo, sendo fundador do jornal O Direito.
- Manuel de Sousa Brazão, de S. Vicente (1884-1923), militar de carreira, dedicou-se também à política e ao jornalismo. Em S. Tomé fundou o jornal "O Tempo".
- António Jardim Oliveira, de S. Vicente (1858-1926), cursou direito em Coimbra, foi deputado pela Madeira entre 1890-1892 e em 1917 como secretário do governo civil teve uma acção meritória ao assegurar o abastecimento alimentar às populações nesse momento de crise.
- Oswaldo da Conceição Vieira de Andrade, de S. Vicente (1892-1951), firmou-se como jornalista de Direito e Diário de Notícias e foi um dos fundadores da Casa da Madeira em Lisboa.
A par da sabedoria e pertinácia de muitos destes nossos antepassados é de assinalar em alguns o engenho, arte e ciência:
- Francisco Bento de Gouveia, de Ponta Delgada (1874- 1956), para além de se afirmar como um jornalista de renome, exercendo actividade no "Diário Popular" e "Diário de Madeira", foi um homem de muito engenho, tendo descoberto um processo de fabrico de papel a partir da folha da cana de açúcar. Ficaram, também, célebres as suas inovações eneologicas com o vinho jaquet.
Hoje todos nós fruimos do conforto da energia eléctrica
em nossas casas, mas muitos ainda se recordarão do tempo dos candeeiros a petróleo e do inefável temor da escuridão da noite. A energia eléctrica só chegou oficialmente ao concelho em 1956, mas antes disso já alguns sítios fruíram desta mágica energia através da acção empreendedora de alguns homens do concelho, que desafiaram o progresso, fazendo erguer pequenas centrais hidroeléctricas, em S. Vicente (Feiteira, Passo e Poiso) e Boaventura.
O grande desafio surgiu com o Dr. Gregório Joaquim Diniz - talvez o primeiro de S. Vicente a fazer uma licenciatura no estrangeiro, mais concretamente em Paris -, que na década de vinte do nosso século montou nas Feiteiras a primeira mini-hidrica de produção de energia eléctrica, que iluminava o sítio, fazia movimentar um engenho e serração. Para a época foi um acto de grande impacto que nós, neste limiar de fim do século, somos incapazes de avaliar. Foi a primeira e teve o mérito de dar luz a esta localidade do norte até à morte do seu promotor em 1929. Depois foi a escuridão até 1956, desfeita por outras efémeras experiências, de entre as quais se destaca o diesel da igreja matriz na vila, montado na década de quarenta pelo Padre Lira.
Esta resenha termina com a referência à sétima arte, neste ano que se comemora o seu primeiro centenário. São Vicente está ligado à revelação desta sétima arte na ilha:
- Manuel Luís Vieira, de S. Vicente (1890-1952), foi um dos mais promissores cineastas e argumentistas da primeira geração do cinema português. A ele estão ligados os mais importantes projectos filmográficos na Madeira entre 1925 e 1946.
A ele junta-se Abel Salazar Dinis, filho do distinto médico Gregório Dinis, um dos melhores operadores de camara dessa geração que filmou, por exemplo A Severa.
Note-se que S. Vicente teve desde 27 de Setembro de 1931 o seu Teatro, com a designação de Gil Vicente, propriedade de Carlos França, onde se representaram várias peças e ocorreram importantes espectáculos. Disso restam apenas alguns escombros.
A poesia e rima popular têm também no Norte alguns representantes que empareceiram com a dita geração de "Feiticeiros", que marcou a poesia popular madeirense na primeira metade do nosso século .
- João Santana Borges Filipe Correia, de S. Vicente(1911- 1938), escreveu peças teatrais, levadas à cena no Baltasar Dias, e poemas.
- O Padre Caetano António de França, de S. Vicente (1863- 1962), com o seu livro de "Trovas"(1936).
- Daniel José de França Júnior, o dito poeta popular do Lanço, cuja obra praticamente se perdeu em folhetos volantes.
Por tudo isto podemos afirmar que o Norte detem um lugar de relevo no devir histórico madeirense, firmando-se pela sua imprescindível presença no progresso da encosta norte ou por aspectos particulares das suas belezas e afirmação dos nativos ao nível da política, jornalismo, das artes e literatura.

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