domingo, março 15, 2009

«Eduardo Antonino Pestana» - Dr. Manuel Pedro Freitas

O Dr. Eduardo Antonino Pestana era natural da freguesia de Câmara de Lobos onde nasceu no dia 5 de Setembro de 1891, tendo falecido em Lisboa no dia 9 de Abril de 1963. Era filho de António Pestana e de Carolina Angélica de Faria Pestana.
Depois de ter tirado o curso do seminário diocesano do Funchal (1902-1911), frequenta o Liceu de Jaime Moniz (1911-1912), tira o curso da faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1912-1917), o curso da Escola Normal Superior (1917-1919) e o curso da faculdade de Direito (1913-1919) da mesma Universidade.
Exerceu, em simultâneo, as funções de professor liceal nas disciplinas de Português e Latim e as funções de advogado: entre 1920 e 1926 na cidade do Funchal; entre 1926 e 1927 na cidade da Horta, nos Açores e entre 1927 e 1930 na cidade de Faro.
De Maio de 1930 a Fevereiro de 1934, quando era Ministro da Instrução o Prof. Gustavo Cordeiro Ramos exerceu, em comissão de serviço, o cargo de Director dos Serviços do Ensino Secundário, tendo colaborado na reforma deste ensino decretada em 1932 e na organização dos serviços de saúde escolares, cantinas liceais, correspondência inter-escolar, orfeões liceais, regime de exames, etc., regressando posteriormente ao ensino leccionando primeiramente no liceu Gil Vicente e posteriormente no liceu Pedro Nunes.
Em 1926/1927 deslocou-se à América do Norte onde, nos estados de Nova Iorque e da Califórnia, estudou a organização dos ensinos primário e liceal.
Conferencista notável, fez ouvir a sua fluente palavra a propósito de temas religiosos, jurídicos e didácticos, tanto no Funchal, como em Lisboa e em Sá da Bandeira.
Em 1937, a convite da Sociedade Les Amitiés Latines, fez em Casablanca (Marrocos), no Instituto Maintenon uma conferência subordinada ao tema L’État Nouveau Portugais.
Ao longo da sua vida distinguiu-se também como jornalista e escritor, tendo colaborado em vários jornais e revistas especialmente na Madeira e em Lisboa. De Setembro de 1931 a Fevereiro de 1932 dirigiu o Diário da Manhã, tendo sido também colaborador do Jornal Novidades. De entre a sua vasta obra jornalística, e porque se refere especificamente a Câmara de Lobos, não podemos deixar de destacar um seu artigo publicado na edição dos dias 23 e 28 de Março de 1920 do Diário de Notícias do Funchal onde faz um diagnóstico e aponta soluções para a situação de pobreza na classe piscatória da sua terra natal, que se tivessem merecido a atenção da classe política poderia ter sido alterada radicalmente. Apesar de já possuir algum desfasamento, decorrente das alterações sócio-económicas entretanto verificadas, não deixa de ser um texto de leitura obrigatória para quem tem ou venha a ter responsabilidades na área social do concelho de Câmara de Lobos.
Escreveu e publicou entre outras obras: A Igreja Católica e os Operários, conferência feita em 1916, Ciência da Linguagem, conferência dada em 1917; Ensino - da sua reforma geral e da nova metodologia do Latim, tese para o exame de estado na Escola Normal Superior, em 1919; Canto Antigo, Canto Novo, conferência em 1926; A precedência obrigatória do registo civil e a celebração do casamento religioso, minuta de recurso para o tribunal da Relação, em 1930; A questão da pessoa humana, conferência em 1941.
Em colaboração com o Dr. A. J. de Sá Oliveira publicou Método de Latim - Comentários de Pedro Eneida de Virgílio e de Bello Gallico de Júlio César. Com o Dr. Carlos Moreira, publicou Organização Política e Administrativa da Nação.
Publicou, ainda juntamente com o seu irmão Dr. Sebastião Pestana, em 1951, um livro didáctico sobre o Auto da Alma, de Gil Vicente.
Amante da sua terra, estudou o folclore madeirense e na revista A Língua Portuguesa publicou largos estudos sobre o linguajar ilhéu.
Estes estudos viriam a ser já postumamente, editados em dois volumes pela Câmara Municipal do Funchal: um em 1965 e intitulado Ilha da Madeira I - Folclore Madeirense e o outro em 1970, intitulado Ilha da Madeira II - Estudos Madeirenses.
Revelou-se também o Dr. Eduardo Antonino Pestana como músico, tendo deixado muitas composições musicais que os orfeões procuraram pela sua leveza e graciosidade. São da sua autoria as letras e músicas de canções como: João Dorme; Minha Terra Quem me Dera; Avé-Maria e o triplico Meio-dia e Anoitecer.
Foi condecorado com a Ordem da Instrução Pública.
No dia 23 de Fevereiro de 1966, a Câmara Municipal de Câmara de Lobos presta-lhe homenagem, dando o seu nome ao antigo largo do Poço, tendo a sessão solene de descerramento da placa toponímica tido lugar no dia 26 de Agosto do mesmo ano, num acto que contou com a presença de Elvira Gersão Pestana, viúva do homenageado e com quem havia casado em segundas núpcias [1], [2].

[1] Homenagem a três filhos do concelho de Câmara de Lobos. Jornal da Madeira, 28 de Agosto de 1966.
[2] Jornal da Madeira, 27 de Agosto de 1966.

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