segunda-feira, março 07, 2011

João Cabral do Nascimento - (Revista Olhar - Jornal da Madeira 17 de Novembro de 2007)

João Cabral do Nascimento

Da palavra eu fiz a minha ferramenta

João Cabral do Nascimento nasceu na freguesia da Sé, Funchal, a 22 de Março de 1897, sendo filho de João Crawford do Nascimento e de D. Palmira Alice de Meneses Cabral. Casou com D. Maria Franco, pintora e novelista, de quem teve um filho: Dr. João Crawford de Meneses Cabral, casado com D. Matilde Cabral.
Tirou o curso do Liceu do Funchal, depois do qual se matriculou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se formou em 1926. Poeta, prosador e professor, faleceu em Lisboa a 2 de Março de 1978, tendo-se realizado o funeral no dia 3, de S. Domingos de Benfica para o jazigo de família no cemitério do Alto de S. João.
Bem cedo publica o seu primeiro livro de versos. Em 1916, tinha o poeta dezanove anos, saía a público «As Três Princesas mortas num Palácio em Ruínas», expressando-se «numa linguagem harmoniosa e pura».
Em 1917, em plena Grande Guerra, João Cabral fica a residir na Ilha onde inicia o seu «Descaminho».
Após a assinatura do Armistício vai para Coimbra onde, interessado pela renovação da literatura, publica a folha «Ícaro».
Em 1922 regressa à Madeira, onde, certamente, pouco atraído pelas causas da advocacia dedica-se ao ensino.

Em defesa do património
do Arquipélago

Sai da Ilha em 1937. Mas a Madeira não é esquecida, sendo, prova disso a muita correspondência que manteve sempre com familiares e amigos.
Conviveu em Lisboa com alguns poetas da geração do Orfeu e publicou em 1916 o seu primeiro livro de versos, «As Três Princesas Mortas num Palácio em Ruínas», Lisboa, 1916, a que Fernando Pessoa dedicou uma crítica na revista «Exílio», considerando a obra como integrada no movimento sensacionalista. Em Coimbra, ainda estudante, fundou com outros a revista «Ícaro», na qual colaboraram Eugénio de Castro e Teixeira de Pascoais, e dirigiu o jornal «Restauração». De regresso à Madeira foi professor no Liceu Jaime Moniz, ingressando mais tarde no ensino técnico.
Senhor de uma extraordinária capacidade criativa, investigador e observador perspicaz, salienta-se na defesa do património artístico e cultural da Ilha e enquanto director do Arquivo Distrital do Funchal (1931/1935 begin_of_the_skype_highlighting 1931/1935 end_of_the_skype_highlighting) organiza uma colectânea das Estampas Antigas da Madeira, um catálogo dessas interessantes e valiosas estampas, muitas delas, hoje, já bastante raras, e todas necessárias para o estudo dos costumes, trajes e arquitectura civil e religiosa da Madeira.
Foi o fundador e director do Arquivo Histórico da Madeira. Publicou nove volumes sob a sua direcção, os quais constituem um repositório histórico de grande interesse. Regeu aulas do Curso de Férias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Uma vasta obra
de valor incalculável

Tem colaboração em várias revistas e jornais e fez crítica literária no «Diário Popular». Escreveu e publicou: «Descaminhos», Lisboa, 1926; «Litoral», Funchal, 1932; «Poesias Escolhidas», Lisboa, 1936; «33 Poesias», Lisboa, 1941; «Cancioneiro», Lisboa, 1943; a que foi atribuído o Prémio Antero de Quental; «Confidência», Lisboa, 1945; «Dispersão», 1953; e «Fábulas», 1955.
Em prosa publicou: «Estampas Antigas da Madeira» (6 volumes, direcção e colaboração); «Épica Ultramarina Portuguesa Política Africana de D. Manuel I» (no tomo I das «Memórias e Comunicações do Congresso do Mundo Português»); «Gentes das lhas nas Guerras da Restauração» (Anais Academia da História).
É autor de numerosas traduções, tendo feito, para a Editorial Estúdios Cor, as seguintes: «Ciclone na Jamaica», de Richard Hubles; «A Harpa de Ervos», de Truman Capote, que também prefaciou «O Fim da Noite», de François Mauriac; «Reflexos nuns olhos de Oiro» e «Balada do Café Triste», de Carson Mc. Cullers, e ainda, de parceria com Maria Franco, «A Vida de Dostoievski», de Henry Troyat, e a «Vida de Toulouse Lautrec», de Lawrence e Elisabeth Hanson. Traduziu ainda mais as seguintes obras inglesas: «O Moinho à Beira do Rio», de George Eliot; «Filhas e Amantes» e «Mulheres Apaixonadas» de D. H. Lawrence; «Retrato de Uma Senhora», de Henry Jones; «O Estranho Caso do Dr. Jekyel e do Sr. Hyde» e «Clube dos Suicidas», de R. S. Stevenson; «Os Crimes da Rua Marques» e a «Carta Roubada», de Edgar Poe; «História da Literatura Inglesa», de colaboração com Luis Cardim de Ifor Evans; versão livre de um romance de Dostoievski («A Granja de Stepanckikov»).
Estas obras foram todas editadas em Lisboa. Colaborou ainda em vários jornais e revistas, nomeadamente: «Ocidente», «Presença», «Revista de Portugal», «Atlântica», «Panorama» e «Das Artes e da História da Madeira». Foi colaborador da Grande «Enciclopédia Portuguesa e Brasileira». Pertencia à Academia Portuguesa de História.
O Instituto Português de Arqueologia, História e Etnograf?a e a Associação dos Arqueólogos Portugueses fazem-no seu sócio honorário. Mais tarde em 1976 é elevado a Académico Jubilado pela Academia Portuguesa de História.

Jornal da Madeira / Suplemento / Revista Olhar / 2007-11-17

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