quinta-feira, abril 09, 2009

"Do Atlântico às Antilhas: O Caso da Trinidad" - Jo-Anne S. Ferreira

Os imigrantes portugueses para a Trinidad foram os primeiros a chegar às Antilhas. A maior parte emigrou no século XIX, a partir das províncias portuguesas atlânticas dos Açores e da Madeira, bem como das Ilhas de Cabo Verde. Já em 1630 um grupo de portugueses na Trinidad, e alguns judeus sefarditas, vieram para a ilha no século XVIII2. Os Madeirenses constituíram sem dúvida o maior contingente de imigração portuguesa, tendo constituido a maioria dos antepassados da pequena comunidade portuguesa da Trinidad. Vieram originalmente em busca de trabalho nas plantações de cacau e cana-de-açúcar e por razões religiosas.
Em 1834, ano da abolição da escravatura (uns quatro anos antes da libertação completa dos escravos africanos), os primeiros trabalhadores portugueses chegaram à Trinidad vindos não da Madeira mas da ilha açoreana do Faial. Nesta época, visto que a escravatura estava prestes a acabar, os carregamentos de escravos, antigamente numerosos e regulares, terminaram, e era cada vez maior a necessidade de encontrar fontes de mão-de-obra segura e abundante. Um grupo de marinheiros sem escrúpulos, conhecedores do apuro económico dos agricultores desesperados e, conseqüentemente, conscientes do lucro que poderiam obter com aquela situação, encorajaram a entrada ilegal na Trinidad de vinte e cinco açoreanos pobres do Faial. Em menos de dois anos, estes trabalhadores, bem como muitos outros que se lhes seguiram, desacostumados às condições e ao tipo de trabalho nas plantações de cana-de-açúcar, morreram sem deixar rasto na Trinidad, excepto duas petições endereçadas em 1835 ao governador da ilha no sentido de regressarem aos Açores.
Quando novas leis de imigração entraram em vigor em 1838, os agricultores mandaram vir mão-de-obra dos Estados Unidos, das várias ilhas das Antilhas Ocidentais, e ainda da África Ocidental. Falhada esta tentativa, recorreram a trabalhadores europeus que vieram da França e da Alemanha, entre outros países. Os ordenados supostamente altos constituíram a principal atracção, mas esta tentativa tãopouco resultou.
No início do século XIX, a Madeira atravessava uma forte crise económica e social. O comércio do vinho, base da economia da ilha, estava em declínio. Os desastres naturais levaram à fome, ao abandono de vinhedos e ao desemprego em massa. Estes factores, assim como o sobrepovoamento, reduziram o nível de vida, pelo que, para muitos, a emigração foi uma questão de sobrevivência. A situação foi agravada pela tensão religiosa resultante do surgimento dum grupo de convertidos presbiterianos numa ilha tradicionalmente católica.
Duas vagas de madeirenses, portanto, emigraram para a Trinidad a partir de 1846 e por razões muito diferentes. Até certo ponto, ambos os grupos eram refugiados - um grupo composto de camponeses vitimados pela ruína da economia madeirense, e o outro composto por protestantes fugindo à perseguição religiosa.
A partir da década de 1830, grupos de madeirenses começaram a emigrar para Demerara (Guiana Britânica), e os agricultores e os operários sob contrato consideraram esse empreendimento benéfico e satisfatório para ambas as partes. Quando alguns plantadores de cacau da Trinidad solicitaram ao governador ajuda para as suas plantações, os governos da Inglaterra e de Portugal permitiram a emigração madeirense para a Trinidad, já que haviam reconhecido o relativo sucesso da experiência de Demerara a partir de 1835, e isto apesar duma taxa de mortalidade bastante elevada. Acharam provável que os camponeses madeirenses, acostumados à viticultura e a algum cultivo de cana-de-açúcar, pudessem adaptar-se às fazendas de cacau.
No entanto, foram os donos das fazendas de açúcar e não os das plantações de cacau que fretaram, por sua livre iniciativa, o Senator, o navio que transportou os primeiros 219 imigrantes madeirenses contratados. Chegaram à Trinidad o 9 de Maio de 1846, onze anos depois da chegada dos faialenses. Contrariamente às cláusulas governamentais originais, foram colocados nas áreas rurais em fazendas de cana-de-açúcar - mais rentáveis mas mais rigorosas que as de cacau. As condições nas fazendas de cana-de-açúcar, sob o intenso sol tropical, revelaram-se esmagadoras para os portugueses. Vários dentre eles faleceram e outros mudaram-se para as fazendas de cacau, mais protegidas, ao passo que outros abandonaram definitivamente este tipo de trabalho braçal, e viraram-se para o mundo do comércio lojista. A lei não obrigou os portugueses a permanecerem sob contrato. Do ponto de vista da Trinidad, a Madeira não constituiu uma fonte viável da mão-de-obra, e depois de 1847, a imigração portuguesa não foi considerada como uma solução possível para a situação difícil dos agricultores. Dois grupos de trabalhadores asiáticos sucederam aos madeirenses - os chineses e os indianos; estes últimos começaram a emigrar para a Trinidad um ano antes, em 1845, e continuaram a fazê-lo aos milhares até 1917.
As contratações cessaram em 1847, mas os madeirenses continuaram a emigrar para a Trinidad até ao nosso século, sobretudo para se juntarem a outros portugueses, familiares ou negociantes, já estabelecidos na ilha. Embora essa imigração fosse esporádica e em pequena escala, o consulado honorário de Portugal em Port-of-Spain conseguiu conservar alguns registos de imigração, com pormenores relativos à proveniência e filiação dos imigrantes.
Neste contexto, vale a pena referir também a emigração das Ilhas de Cabo Verde. Devido à fome de 1856, a emigração foi permitida. Os fazendeiros antilhanos acolheram-os mas menos de 100 imigrantes chegaram à Trinidad e em 1856 foi posto fim à imigração. Como a maioria desses imigrantes eram de origem africana, não se sabe se se integraram na comunidade portuguesa.
Dos dois grupos madeirenses do século XIX, os protestantes geraram quer a simpatia quer a hostilidade de vários autores contemporâneos. Apelidados de «esta gente interessante» por um autor3, os refugiados, ou exilados, foram objecto de forte escrutínio pela simples razão das suas especificidades sob vários aspectos. Em primeiro lugar, eles representavam como que uma aberração socio-religiosa na Madeira. Antes e depois da sua partida, foram motivo de acesos debates e discussões. Em segundo lugar, e do ponto de vista da Trinidad, eles foram os primeiros refugiados religiosos a serem acolhidos e, históricamente, constituíram uma minoria dentro da minoria lusófona. Finalmente, muitos deles re-emigraram em massa - e em condições difíceis - para os Estados Unidos. Conseqüentemente, há suficientes fontes escritas a partir das quais se pode obter mais do que um simples olhar curioso sobre as suas origens e destino, embora tanto as fontes como a memória estejam hoje enterradas e esquecidas até pelos descendentes dos presbiterianos portuguesas nas Caraíbas, América do Norte e outros lugares.
Os convertidos protestantes foram conduzidos pelo cirurgião e farmacêutico Robert Reid Kalley, um médico missionário da Igreja Presbiteriana da Escócia, originalmente um ateu.4 A sua paixão como missionário era a China, país que ele nunca esqueceu, mas «a frágil saúde de Margarida, sua esposa, não lhe permite o intento e os colegas recomendam-lhe a ilha da Madeira, um pequeno paraíso de clima suave.»5 Os Kalley chegaram ao Funchal em 1838; mais tarde o médico-missionário foi ao continente para aprender a língua portuguesa e obter a licença de exercício da medicina em Portugal. Ao princípio, Kalley foi benvindo por todos, desde o Bispo - que viria a ser seu amigo - até ao povo. Com os seus próprios recursos abriu um dispensário, um pequeno hospital de doze camas, um consultório e uma farmácia. A sua acção de beneficência estendeu-se à esfera da educação, tendo estabelecido várias escolas primárias, diurnas para crianças e nocturnas para adultos, escolas essas que funcionaram em choupanas no Funchal e em quintas no campo, sobretudo em aldeias como Santo da Serra, Machico e São Roque. Um total aproximado de 2.500 madeirenses inscreveram-se nas escolas domésticas de Kalley.
As autoridades apreciaram, ao princípio, as contribuições filantrópicas no campo da medicina e da educação, pela ajuda prestada aos pobres ao nível da saúde e da alfabetização. Mais tarde, porém, quando a sua pregação a milhares de pessoas, ricas ou pobres, levou a conversão de vários madeirenses à fé evangélica, «o bom doutor inglês» e «o santo inglês» acabou por ser apelidado «Aquele Lobo da Escócia». Não foram só a explicação e a exposição das Escrituras e o cântico dos hinos evangélicos que atraíram tanta gente de tantas proveniências, mas «igualmente aquele homem cuja maneira de viver dava autoridade à sua mensagem e testemunhava do poder de uma vida dedicada.6 Mas a conversão de fiéis também viria a provocar a ira da hierarquia e dos guardiões da tradição.
Em 1843, cinco anos depois da chegada dos Kalley, começaram as detenções. Nesta ilha católica, os adeptos madeirenses de Kalley encontraram muita hostilidade e intolerância. Não podiam possuír nem ler a Bíblia Sagrada, a mesma edição aprovada pela Raínha Dª. Maria II para uso nos Açores - era um «crime de heresia», punível com a excomunhão e/ou a deportação. Os «hereges calvinistas» ou «os bíblias» «eram fugitivos numa terra que era a sua própria terra, e perseguidos na sua ilha natal.»7 Kalley foi preso por um período de seis meses durante o qual o Rev. William Hepburn Hewitson chegou à ilha para uma estadia de um ano (sem ter tido qualquer contacto anterior com Kalley), possibilitando assim continuar o trabalho de Kalley onde este o havia largado; o seu trabalho foi «limitado por decreto» (só um farmacêutico podia exercer farmacologia) e o seu ensino foi «proíbido por lei»; a sua pregação também foi banida.
Por fim Kalley e vários recém-convertidos foram forçados a pedir asilo no estrangeiro, após repetidos episódios de violência e provocação. Segundo Testa:

«os incidentes na Madeira coincidiram com um plano inglês de recrutar trabalhadores para Trindade, Antigua e St.ª (sic) Kitts, nas Antilhas Menores. Barcos ingleses, à procura de trabalhadores, tocavam os portos dos Açores e atracavam no Porto do Funchal, Madeira, no mês de Agosto.»8

O primeiro grupo de 197 refugiados viajou no navio William, de Glasgow, tendo chegado a Port-of-Spain (a capital da Trinidad) no dia 16 de Setembro de 1846, apenas 4 meses depois da chegada dos primeiros imigrantes madeirenses. Mais de dois mil deixaram a Madeira para Trinidad, St. Kitts, Antigua e St. Vincent. Na Trinidad, também maioritariamente católica nessa época, mas onde a liberdade de culto e a tolerância religiosa estavam reconhecidas, a Igreja da Escócia, pequena mas em crescimento, recebeu-os bem. Todavia, não puderam escapar aos seus compatriotas - confrontaram-se com os outros madeirenses que anteriormente se haviam estabelecido na Trinidad e tiveram que lidar com os mesmos preconceitos que pensavam ter deixado para trás na Madeira.
Tal como os seus compatriotas empobrecidos que tinham vindo em busca de uma vida melhor, muitos refugiados presbiterianos chegaram à Trinidad em estado de indigência. Depois de sentirem dificuldades em encontrar emprego - tendo alguns sido forçados a trabalhar sob contrato após a sua chegada -, os presbiterianos também conseguiram empreender uma nova vida começando empresas de pequeno porte.
A primeira loja portuguesa (cujo proprietário se desconhece) abriu em 1846, o ano da chegada tanto dos imigrantes católicos como dos refugiados protestantes. Em geral, parece que os protestantes abriram as melhores lojas, principalmente em Port-of-Spain e Arouca (onde se estabeleceu uma comunidade presbiteriana escocesa), especializadas em fazendas e artigos de drogaria e retrosaria e também lojas de barbeiro, sapateiro, alfaiate, carpinteiro e canteiro e vários outros trabalharam como jardineiros e governantas.9 Os católicos encontraram semelhantes empregos ou como gerentes das lojas nas plantações e nas cidades. Estes espalharam-se por toda a ilha e tornaram-se negociantes de vinhos e de runs e donos de mercearias contíguas às vendas de álcool. As sociedades e as empresas familiares não foram caso raro. Numa tradição de boa vontade e com espírito comunitário, os primeiros portugueses católicos que se estabeleceram como negociantes contrataram sem demora os recém-chegados da Madeira no século XX. Nas lojas portuguesas os recém-chegados, que não podiam falar inglês e portanto não podiam obter trabalho noutro sítio, conseguiram emprego como balconistas. A comunidade no seu todo ganhou fama pela sua capacidade de iniciativa e pelos seus hábitos empreendedores.
Quanto aos presbiterianos, foram benvindos não só pela comunidade escocesa, como pela imprensa e pelo Governador, Lord Harris. Os seus relatos laudatórios chegaram aos ouvidos de alguns Bermunianos. A emigração Madeirense para as Bermudas pode ter sido um corolário das emigrações Presbiterianas para a Trinidad.10 A emigração não terminou na década de 1840. De facto, em 1853, mais mil emigrantes deixaram a Madeira, desta vez passando ao largo da Trinidad, dirigindo-se directamente para os E.U.A., onde se declaram protestantes. Supõe-se que alguns já haviam ido antes - clandestinamente -, em especial oriundos da aldeia de São Roque.11 Na Trinidad, depois de terem sido ajudados e acolhidos pela comunidade da Igreja Greyfriars na rua Frederick em Port-of-Spain, construíram a sua própria igreja em 1854 sob a liderança do reverendo Henrique Vieira. A igreja foi chamada a «Igreja Escocesa Santa Ana» (por causa de sua localização na esquina da rua da Saint Ann/Santa Ana, hoje a rua Charlotte, com a rua Oxford). Geralmente, foi identificada como a «Igreja Portuguesa» porque a língua portuguesa e as Bíblias e os hinos portugueses ainda se usavam 27 anos depois da chegada dos primeiros refugiados. Para atender às necessidades dos fiéis lusitanos, os pastores escoceses esforçaram-se mesmo por aprender português antes de tomar posse da Igreja Santa Ana. Os católicos portugueses, muito religiosos, com a sua dedicação às suas festas, em particular a da sua padroeira Nossa Senhora do Monte, zombavam dos presbiterianos portugueses e estigmatizaram-nos como «Kalleyistas» ou «Calvinistas». Ao princípio, as relações entre as duas correntes eram tão tensas que se tornaram reprováveis e mesmo proíbidos os casamentos ou a formação de sociedades conjuntas.
Antes da última década do século XIX, a comunidade presbiteriana portuguesa, que em tempos contara com mais de mil pessoas, diminuiu drásticamente, já que quase dois terços optaram por emigrar para o Brasil e para os Estados Unidos, onde se estabeleceram comunidades prósperas de portugueses presbiterianos. Para trás ficaram apenas algumas centenas que decidiram permanecer na Trinidad. Com o passar do tempo e o enfraquecimento da comunidade, as antigas proibições de casamentos entre pessoas das duas facções começaram a afrouxar. As barreiras religiosas foram abolidas através das boas relações nos campos social, dos negócios e do ensino. Os dois grupos acabariam por se unir, em virtude das ligações ancestrais fortes ao nível da língua e da cultura. Os católicos excederam em número os presbiterianos, os quais foram absorvidos pela comunidade católica, da qual faziam parte não só portugueses como também colonos franceses, espanhóis, irlandeses e ingleses.
Depois do «êxodo de 1846» (das primeiras duas vagas), os madeirenses católicos foram chegando aos poucos até meados do século XX. Nos finais do século XIX, a comunidade portuguesa no seu todo contaria com aproximadamente duas mil pessoas. Se bem que os infortúnios económicos não tenham servido mais de catalizador para a emigração no século XX, os madeirenses continuaram a emigrar voluntariamente para a Trinidad em busca de uma melhoria das suas condições de vida. Chegou mesmo a verificar-se a emigração de famílias inteiras e era frequente os madeirenses emigrarem para se reunirem com os familiares que se haviam já instalado na Trinidad, às vezes acompanhados pelas criadas mais apreciadas das suas famílias. São também muitas as histórias de imigrantes jovens que viajaram como passageiros clandestinos durante toda a travessia de várias semanas entre a Madeira e a Trinidad.
Agora, não mais distintos como um grupo étnico, os descendentes dos portugueses assimilaram-se completamente. Os seus antepassados devem ter sido um espetáculo curioso ao desembarcarem em Port-of-Spain, com alguns dos homens usando os seus barretes de vilão e botas típicas da Madeira. Tornaram-se famosos como lojistas de rum, retalhistas e merceeiros, negócios que viriam a transformar em empresas comerciais de grande escala. Ficaram também conhecidos pela sua preferência pelo bacalhau, os caldos e as sopas, o azeite, e sobretudo pela carne em vinha-d‚alhos, o prato de Natal que se tornou no símbolo duradouro da cultura madeirense na Trinidad. O seu amor pela música e pela dança é tanto português quanto próprio da Trinidad. Os dois clubes portugueses em Port-of-Spain são a testemunha duma comunidade outrora viva e unida.
À excepção de muitos apelidos portugueses que continuam a enfeitar as lojas e empresas, ou que polvilham as páginas dos livros de história da Trinidad, e que os descendentes sentem orgulho em referir e descobrir, não restam muitas mais lembranças culturais da comunidade na Trinidad. Apelidos como Camacho, Coelho, Correia, Fernandes, Ferreira, Pereira, Querino, Reis, Ribeiro e Sá Gomes figuram entre os mais notáveis no sector dos negócios, tanto no passado como hoje. São simbolos de uma ascensão surpreendentemente rápida e sem excessivo alarde. A sua eminência é indubitávelmente o resultado duma combinação eficaz de ambição, diligência e perseverança.
A transformação duradoura da situação económica dos portugueses coincide mais ou menos com o seu predomínio - influente se bem que fugaz - no campo literário e político. Houve uma época em que nomes como Cabral, dos Santos, Gomes, Mendes e Netto figuraram nos jornais nacionais. Dois deles, um católico, Albert Maria Gomes e um presbiteriano, Alfred Hubert Mendes, foram pioneiros da literatura das Caraíbas e a sua influência foi mais forte nos anos de 1930, uma década vital para a recente história política da Trinidad. Descendente dos portugueses da segunda geração, Gomes foi muito importante no panorama político como defensor dos mais fracos nas esferas económica, política, religiosa e cultural. Deixou de tal modo a sua marca na política que as suas ideias foram apelidadas de «Gomesocracy». Foi sem dúvida um dos políticos mais activos e polémicos da época da federação antilhana (de língua inglesa). Foi editor do Beacon, uma revista mensal que serviu como forum para diversas perspectivas e opiniões políticas e para a expressão literária. Foi colega do outro produto excepcional da comunidade portuguesa, Alfred Mendes, líder do grupo socialista liberal de escritores provenientes de vários grupos étnicos e de várias áreas disciplinares, e que foi conhecido como o grupo «Beacon» do qual Gomes era também membro. Mendes era um escritor prolífico e o primeiro a ter chamado atenção para a comunidade portuguesa, na sua novela Pitch Lake. Recebeu um Doutoramento honoris causa pela University of the West Indies em reconhecimento pela sua obra literária. Obteve igualmente êxito na sua carreira como funcionário público.
Desde a sua chegada, os portugueses, e depois os seus descendentes, participaram activamente no desenvolvimento económico, social e cultural da Trinidad. Não sendo agricultores, fixaram-se principalmente nas cidades e dedicaram-se ao comércio. Num espaço de tempo notávelmente curto, a comunidade gerou vários filhos eminentes da terra, em desproporção em relação ao seu tamanho relativamente pequeno, e conseguiu-o contra todas as expectativas. Foram muitos os seus contributos para o progresso do seu país adoptivo. Agora fazem parte integrante da população, e embora continuem a não ser numerosos, a sua influência é ampla e encontram-se nas todas as profissões. A maior parte miscigenou-se com outros grupos étnicos (de origem europeia ou não), contribuindo assim para o mosaico que é, irrevogável e inconfundívelmente, a Trinidad.
REFERÊNCIAS

Gregory, Desmond. The Beneficient Usurpers: A History of the British in Madeira. London: Associated University Presses, 1988.

Hyamson, Albert M. The Sephardim of England - A History of the Spanish and Portuguese Jewish Community 1492-1951. London: Methuen and Co. Ltd., 1951.

Moreira, Eduardo. Vidas convergentes: história breve dos movimentos de reforma cristã em Portugal, a partir do século XVIII. Carcavelos: Junta Presbiteriana de cooperação em Portugal, 1958.

Norton, Herman. Record of Facts Concerning the Persecutions at Madeira in 1843 and 1846: The Flight of a Thousand Converts to the West India Islands and also of the Sufferings of Those Who Arrived in the United States. New York: The American and Foreign Christian Union, 1849.

Poage, George Rawlings. "The Coming of the Portuguese," Journal of the Illinois State Historical Society 18(1):101-35 (Avril 1925).

Rogers, Francis Millet. Atlantic Islanders of the Azores and Madeiras. North Quincy, MA: The Christopher Publishing House, 1979.

Testa, Michael Presbyter. O Apóstolo da Madeira (Dr. Robert Reid Kalley). Tradução de Manuel de Sousa Campos. Lisboa: Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, 1963.
Nota do blogue: Poderá consultar o artigo completo, com os anexos em http://freepages.genealogy.rootsweb.ancestry.com/~portwestind/research/archives/ferreira/islenha.htm

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