terça-feira, março 31, 2009

Jan Huygen van Linschoten

Linschoten, Jan Huygen van - Histoire de la navigation de Iean Hvgves de Linscot Hollandois et de son voyage es Indes Orientales
Amstelredam 1610, first French edition


"contenante diuerses descriptions des pays, costes, haures, riuieres, caps & autres lieux iusques à present descouuerts par les Portugais ... / avec annotations de Bernard Palvdanus ... ; a qvoy sont adiovstees qvelqves avtres descriptions tant du pays de Guinee & autres costes d’Ethiopie que des nauigations des Hollandois vers le nord au Vaygat & en la nouuelle Zembla ; le tout recveilli et descript par le mesme de Linscot en bas Alleman & nouuellement traduict en François". Complete as indicated in the text with Title-vignet, 3 folding maps/plan (2 handcoloured), 2 double-page maps, 1 half-page map, 2 double-page plates, 1 full-page plate & 55 large plates.Contemporary mottled calf repaired, back gilt, small folio. OCLC states only a few copies of this very scarce book. All known copies have the imprint of Theodore Pierre or Henri Laurent. Our copy only states Amsterdam without the publisher's name (misprint?)!
€ 56.500
Nota do Blogue: Ao vêr a descrição desta obra num alfarrabista europeu despertou-me a curiosidade pela mesma, em especial sabendo que o autor teve uma passagem pela Madeira e viveu durante algum tempo nos Açores. Daí tentei procurar informações sobre Jan Huygen van Linschoten.


Biografia
Jan Huygen era filho de um notário da cidade de Haarlem, mas na sua infância a família fixou-se na aldeia de Enkhuizen. A adopção do apelido ''van Linschoten'' parece indicar que a sua família era originária da aldeia do mesmo nome, nos arredores de Utreque.
Partiu para Espanha, em Dezembro de 1576, para se juntar a um seu irmão Willelm, que era mercador em Sevilha. Ali fez a sua aprendizagem nas artes do comércio internacional, acabando por se associar a mercadores portugueses e trabalhando entre Lisboa e Sevilha, actividade que manteve durante pelo menos seis anos.
Dificuldades no comércio, o desejo de aventura ou eventualmente uma missão de espionagem comercial a soldo de mercadores neerlandeses e flamengos, fizeram com que, apesar de originariamente protestante, aceitasse acompanhar, na qualidade de guarda-livros, o dominicano frei Vicente da Fonseca, nomeado arcebispo de Goa. Desse modo, integrado na comitiva do prelado, partiu para o Estado da Índia a 8 de Abril de 1583, chegando a Goa cinco meses depois, tendo feito as escalas usuais na ilha da Madeira, na Guiné, no cabo da Boa Esperança, em Madagáscar e em Moçambique.
Durante a sua estadia em Goa e nas suas viagens, Jan Huyghens teve acesso a mapas e a outras informações privilegiadas sobre o comércio e navegação dos portugueses no sueste asiático, utilizando a sua capacidade cartografiacartográfica e de desenho para copiar e desenhar novos mapas, produzindo um muito considerável acervo de informação náutica e mercantil. Algumas das cartas náuticas que copiou tinham sido mantidas cuidadosamente secretas por mais de um século.
A morte do arcebispo em 1587, durante uma viagem a Lisboa, fez com que Jan Huygen deixasse a Índia e regressasse à Europa. Partiu de Goa em Janeiro de 1589, escalando a ilha de Santa Helena em Maio daquele ano.
A viagem de regresso foi interrompida nos Açores, na altura da ilha do Corvo, quando o comboio de seis embarcações em que viajava (cinco da Índia e uma de Málaca), começou a ser perseguido por galeões corsários ingleses (1) , forçando a que as embarcações portuguesas se dirigissem a Angra, na Terceira, em busca de refúgio. A 4 de agosto, entretanto, uma violenta tempestade abateu-se sobre a cidade e os navios ancorados na baía, vindo o galeão de Malaca a naufragar. Sobre este infausto, o próprio Linschoten referiu, posteriormente, no seu "Itinerário":

''Neste naufrágio da nau de Málaca perderam-se muitas valiosas mercadorias, pois era a mais rica de todas as naus, e trazia da China, das Molucas e de outras ilhas muitas preciosidades, tais como sedas, damascos, obetos de ouro e de prata, porcelanas e outras coisas de valor, cujos fardos andava à tona de água e vinham dar à costa, recolhendo-se ainda alguns, bem como alguma quantidade de pimenta, cravo e noz moscada (...). Estes despojos foram levados para a Alfândega, que é o lugar dos impostos, afim de que não deixassem de pagar a sua taxa, não havendo consideração pela condição miserável daqueles que, depois de fadigas incríveis e da miséria extrema da viagem de três anos, tinham sofrido uma tão grande perda com o naufrágio desta nau.''" (''Itinerário'')

Por força deste acidente, Linschoten permaneceu por dois anos na cidade de Angra, para contabilizar as riquezas recuperadas no galeão naufragado. Nesse período percorreu a ilha tanto por terra quanto por mar, tendo registrado as suas impressões em livro anos mais tarde, acompanhadas por dois mapas detalhados: um de Goa e outro de Angra. Este último é considerado uma das mais antigas representações da cidade.
De regresso aos Países Baixos em 1592, com a ajuda de Cornelis Claesz, um editor de Amsterdão especializado em literatura náutica e de viagens, Linschoten publicou um primeiro relato da sua viagem, a que deu o título de "Reys-gheschrift vande navigatien der Portugaloysers in Orienten'' ("Relato de uma viagem pelas navegações dos portugueses no Oriente"), que saiu do prelo em 1595. A obra contém cartas e indicações sobre como navegar entre Portugal e as Índias Orientais, e ainda entre a Índia, a China e o Japão.
Em 1594 tomou parte na expedição de Willem Barents aos mares do norte à procura de uma passagem para o Oriente através do Árctico (Passagem do Noroeste), navegando a bordo do navio de Cornelis Nay pelos mares da Noruega e da Carélia (atual Mar de Barents em homenagem ao comandante da expedição).
No ano seguinte (1595), voltou a participar na segunda expedição de Barents ao Oceano Árctico.
Jan Huyghen publicou três outras obras:
*''Beschryvinghe van de gantsche custe van Guinea, Manicongo, Angola ende tegen over de Cabo de S. Augustijn in Brasilien, de eyghenschappen des gheheelen Oceanische Zees'' ("Descrição de toda a costa da Guiné, Manicongo e Angola e da travessia para o Cabo de Santo Agostinho no Brasil, com as características de todo o Oceano Atlântico") em 1597;
*''Itinerario: Voyage ofte schipvaert van Jan Huyghen van Linschoten naer Oost ofte Portugaels Indien, 1579-1592'' ("Descrição da viagem do navegante Jan Huyghen van Linschoten às Índias Orientais portuguesas") em 1596; e
*"Voyagie, ofte schip-vaert, van Ian Huyghen van Linschoten, van by Noorden om langes Noorvvegen de Noortcape, Laplant, Vinlant, Ruslandt, de VVite Zee, de custen van candenoes, Svvetenoes, Pitzora...'' ("Viagem do navegante Ian Huyghen van Linschoten pelo Norte ao longo da Noruega até ao Cabo do Norte, Lapónia, Carélia, Rússia, Mar Branco, ...") em 1601.
Para além de mapas dos diversos locais por onde viajou, Linschoten também deixou conselhos, entre eles a forma de ultrapassar o controlo que os portugueses mantinham no estreito de Malaca, sugerindo como alternativa a passagem pelo sul de Samatra através do estreito de Sunda, percurso que de facto veio a ser a principal via de penetração neerlandesa no sueste asiático e que esteve na origem da sua colonização dos territórios que hoje constituem a Indonésia.
Faleceu já considerado como uma celebridade pela sua obra e num momento em que, face à perda de influência portuguesa resultante da incorporação da coroa de Portugal na monarquia castelhana durante a Dinastia Filipina (1580-1640), oportunidades para uma presença neerlandesa nas Índias Orientais começavam a surgir.
Em honra de Jan Huygen foi fundada em Amsterdão, no ano de 1908, uma associação denominada ''Sociedade Linschoten'' ("Linschoten-Vereeniging''), tendo como objectivo a publicação de obras neerlandesas raras ou inéditas de literatura de viagens, descrições geográficas ou ''itineraria''. A sociedade está associada ao Museu Naval de Amsterdão (Nederlands Scheepvaartmuseum Amsterdam), local onde mantém a sua sede. Também a instituição financeira holandesa ABN AMRO Bank atribui anualmente o "Prémio Jan Huygen van Linschoten" ("'Jan Huygen van Linschoten Prijs'') para premiar o empresário neerlandês que se destaque no comércio internacional..

Obras publicadas
Reys-gheschrift vande navigatien der Portugaloysers in Orienten (1595);

Itinerario: Voyage ofte schipvaert van Jan Huyghen van Linschoten naer Oost ofte Portugaels Indien, 1579-1592 (1596);

Beschryvinghe van de gantsche custe van Guinea, Manicongo, Angola ende tegen over de Cabo de S. Augustijn in Brasilien, de eyghenschappen des gheheelen Oceanische Zees (1597);

Voyagie, ofte schip-vaert, van Ian Huyghen van Linschoten, van by Noorden om langes Noorvvegen de Noortcape, Laplant, Vinlant, Ruslandt, de VVite Zee, de custen van candenoes, Svvetenoes, Pitzora... (1601).

(1)No contexto do ataque e derrota da Invencível Armada espanhola, no ano anterior (1588).
Retrato, Biografia, Obras Publicadas retiradas de http://pt.wikipedia.org/wiki/Jan_Huygen_van_Linschoten

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