quarta-feira, março 25, 2009

«Carlos Azevedo de Menezes» - Elucidário Madeirense

Meneses (Carlos Azevedo de). Nos gloriosos anais das ciências, não figuram muitos nomes de indivíduos que houvessem tido como berço a chamada «Pérola do Oceano». Contando as ilhas açorianas um número con-siderável de seus filhos, que notavelmente se distinguiram em todos os ramos do saber humano, não pôde a Madeira acompanhar sempre os seus irmãos insulares na cultura das mais transcendentes manifestações do espírito.
Estas palavras não querem exprimir a afirmação de que a nossa terra não haja sido pátria de alguns distintos cultores das ciências, das letras e das artes, que merecidamente devem ser rememorados e dos quais nos temos tantas vezes ocupado com a maior admiração e apreço.
É o que, neste momento, ainda novamente vimos fazer, como o mais justificado preito de justiça e como o mais sentido e penhorante reconhecimento, acerca do que foi o nosso distinto e dedicado companheiro na elaboração das mil e tantas paginas deste «Elucidário Madeirense». Pertencendo à pena de Carlos Azevedo de Meneses, na sua quase inteira totalidade, a colaboração da parte científica desta obra, cumpre-nos pôr em saliente relevo que é ele o autor dos artigos de maior valor e de mais alto mérito espalhados largamente em todas estas páginas.
Carlos de Meneses era oriundo de antigas e distintas famílias madeirenses e nasceu no Funchal a 26 de Agosto de 1863, sendo filho do abalizado médico dr. Antero Drumond de Meneses e de D. Elisa Azevedo de Meneses, neto paterno do ilustre madeirense Sérvulo Drumond de Meneses (1-365) e materno do general e engenheiro António Pedro de Azevedo (1-105) e sobrinho do distinto escritor e dramaturgo Maximiliano de Azevedo (1-108).
Carlos Azevedo de Meneses, nas relações de intimidade que manteve com o falecido botânico João Maria Moniz, e por uma natural propensão de seu espírito, criou pelo estudo da botânica e especialmente da flora madeirense uma paixão ardente, que somente a morte veio destruir, pois que não interrompera nunca os seus trabalhos científicos, tendo ainda em 1928 publicado um interessante estudo na acreditada revista Broteria, de que era um distinto e assíduo colaborador. Carlos de Meneses, pelos seus numerosos trabalhos e pelos seus aprofundados estudos, era considerado como um abalizado botânico e contado no número dos mais ilustres natu-ralistas portugueses. A sua obra, que é vasta, que é profunda e que é absolutamente conscienciosa, despida portanto de todo o charlatanismo
científico, foi sempre multe apreciada e elogiada pelas mais altas capa-cidades naquela especialidade das ciências naturais, tendo sido por isso recebido no selo de muitas sociedades científicas e convidado a colaborar nas mais acreditadas revistas nacionais e estrangeiras, em que era apenas permitida a colaboração de valiosos trabalhos botânicos.
Entre essas revistas, podemos fazer menção da Broteria, Anais das Ciências Naturais, Jornal das Ciências Matemáticas, Físicas e Naturais, Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, Acadèmie de Géographie Botanique, Bulletin de Géographie Botanique, ete, etc. Foi membro laureado da Academia Internacional de Geografia Botânica de Man., sócio efectivo da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais de Lisboa, associado provincial da Academia das Ciências da mesma cidade, membro da Sociedade Broteriana, de Coimbra e ainda de outras, de que não pudemos colher informações mais seguras.
Dos trabalhos científicos de Carlos Azevedo de Meneses, mencionaremos a Flora do Arquipélago da Madeira, que constitui um trabalho de 282 páginas, Fanerogâmicas da Madeira e Porto Santo, Árvores e Arbustos Madeirenses, As Gramíneos do Arquipélago da Madeira, Madeira Ferens, traduzido para o inglês por Herbert Gilbert, Contribuição para o estudo da Flora do Arquipélago da Madeira, Contribuição para o estudo das Algas da Madeira, As Zonas botânicas da Madeira e Porto Santo, As Labiadas do Arquipélago da Madeira, A Flora dos mais altos picos da Madeira, e ainda outros muitos opúsculos escritos na língua francesa entre os quais se conta a Notice sur les Phanérogames de Madère et Porto Santo, inúmeros folhetos e separatas de estudos insertos em revistas da especialidade, não contando o abundante número de artigos disseminados por várias pu-blicações científicas.
Carlos de Meneses não limitou a sua actividade científica e literária apenas à elaboração dos seus escritos de acentuada feição botânica, mas ocupou-se com certa largueza de outros assuntos das ciências naturais e ainda particularmente de carácter histórico como o comprovam muitos artigos in-sertos no Elucidário Madeirense e em diversos jornais do Funchal. Completados os estudos secundários, frequentou durante alguns anos o Instituto Comercial de Lisboa, cujo curso não chegou a concluir. Serviu como amanuense da secretaria da Câmara do Funchal e foi posteriormente nomeado director da Biblioteca Municipal, lugar que desempenhou até à sua morte, ocorrida a 1 de Maio de 1928.
In , Elucidário Madeirense, Vol. II, págs 341-342.

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