Cecílio Gomes da Silva
(1923-2005)
Silva, Cecílio Gomes da - Era assim no Funchal, Coleção Tempos e Vidas nº 6, Textiverso, 2009.
Sinopse:
Em 1991, o engenheiro silvicultor Cecílio Gomes da Silva (1923-2005) publicou no Jornal da Madeira uma série de artigos referentes a costumes e figuras de um quotidiano madeirense que, em boa parte, já nessa altura só sobrevivia na memória dos mais velhos. Anos depois, o mesmo periódico, no seu Magazine, republicou os textos qualificando cada «retrato» como «uma viagem à Madeira de outros tempos» e o conjunto destas lembranças, agora convertido em livro pela Textiverso, como «um importante trabalho, do ponto de vista etnográfico».
Não sendo bom conhecedor da etnografia madeirense, apenas posso corroborar tal juízo a partir da leitura directa dos textos que formam o presente volume. Suponho, com efeito, que não haja outro projecto similar no universo das creio que não muitas obras dedicadas a preservar e celebrar «a memória do povo» da Madeira, no sentido especificamente antropológico de, como escrevia ainda aquele jornal, operar uma «valorização da cultura popular» do arquipélago. A originalidade e a importância do livro de Cecílio Gomes da Silva fica, pois, garantida, no plano etnográfico, pela própria singularidade do projecto que, no essencial, cumpre o desejo de resgatar da amnésia pública aquelas figuras do quotidiano ilhéu que de maneira indelével lhe marcaram a infância e a juventude.
O olhar de Cecílio Gomes da Silva partilha com o do etnógrafo a paixão do exterior que lhe permite, a décadas de distância, reconstruir os traços diferenciadores de personagens que, na vida corrente, se tornam anódinas por força da própria familiaridade com que as tratamos. Dessa paixão decorre o apego ao detalhe sem o qual se diria que, para o autor, não há literatura que valha a pena.
(Da Apresentação, de Gustavo Rubim).
http://www.textiverso.com/index.php?option=com_content&view=article&id=88:era-assim-no-funchal&catid=34:tempos-e-vidas&Itemid=54
Silva, Cecílio Gomes da - Viveiros, Coleção Tempos e Vidas nº 5, Textiverso, 2009.
Sinopse:
Viveiros é, na perspectiva literária, uma aposta clara no poder da prosa realista. O título completo que Cecílio Gomes da Silva atribuiu ao volume (Viveiros — Pardieiros, Misérias) deixa inequivocamente vincada essa aposta. Se, como colaborador na preparação desta edição póstuma, aconselhei, porém, a supressão do subtítulo (e a redução, por conseguinte, do título à palavra que constitui, em primeiro lugar, o nome do local da Madeira onde a acção decorre), foi porque julgo prejudicial à própria índole dos contos a ênfase programática num miserabilismo social que não está de acordo com a isenção de mensagem que dá um sabor muito especial à prosa e à arte narrativa de Cecílio Gomes da Silva.
Uma arte e uma prosa que os familiares de Cecílio confirmam estar apoiada na tendência e no talento para a narrativa oral, o que faz ademais sobressair um prazer de evocação que o discurso do autor, na introdução mencionada, prefere omitir — mas que a voz narradora de cada um dos textos deixa perfeitamente perceptível.
Um pouco por todo o livro, os leitores madeirenses terão a chance (a mais ninguém reservada) de encontrar aqui o rasto de um mundo que também estará nas suas memórias e que hoje já não estará talvez em mais parte nenhuma.
(Do Prefácio, de Gustavo Rubim).
http://www.textiverso.com/index.php?option=com_content&view=article&id=87:viveiros&catid=34:tempos-e-vidas&Itemid=54Fontes
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