domingo, outubro 25, 2009

Barbosa Machado (Diogo) - Portugal Dicionário Histórico

Barbosa Machado (Diogo).
n. 31 de Março de 1682.
f. 9 de Agosto de 1772.
Presbítero secular, abade de Sever, no concelho de Santa Marta de Penaguião, bispado do Porto, escritor e distinto bibliófilo.

N. em Lisboa a 31 de Março de 1682, onde também faleceu a 9 de Agosto de 1772. Era filho segundo do capitão João Barbosa Machado, e de sua mulher D. Catarina Barbosa, irmão de D. José Barbosa (V. este nome) e de Inácio Barbosa Machado.
Estudou com os padres da Congregação do Oratório, e em 1708 matriculou-se na Universidade de Coimbra, na faculdade de direito canónico, mas não prosseguiu por motivo de grave doença. Depois de obter um benefício simples na igreja de Santa Cruz de Alvarenga, do bispado de Lamego, concedido pelo bispo daquela diocese, D. Nuno Álvares Pereira de Melo, recebeu ordens de presbítero, a 2 de Julho de 1724, conferidas pelo bispo de Tagaste D. Manuel da Silva Francês, provisor e vigário geral do arcebispado de Lisboa. A 4 de Novembro de 1728 foi colado abade da igreja de Santo Adrião de Sever, por nomeação do marquês de Abrantes, D. Rodrigo Anes de Sá e Almeida. Quando se fundou a Academia Real de História, ficou Diogo Barbosa Machado incluído no número dos seus primeiros 50 sócios, e como tal escreveu as Memórias do reinado de D. Sebastião, de D. Henrique, Filipe I, II, e Ill, 3 volumes in folio; obra de grande merecimento. À custa do muitos sacrifícios e despesas conseguiu reunir uma copiosa e selecta livraria de alguns milhares de volumes, em que principalmente se encontravam os livros mais raros, pertencentes a história pátria, e grande quantidade de opúsculos avulsos e notícias do mesmo género coligidas em mais de 100 tomos de fólio pequeno. Havia também 2 tomos de formato máximo, contendo 690 retratos de reis, príncipes e infantes de Portugal; 4 tomos da mesma forma, contendo 1.380 retratos de portugueses célebres, e mais um tomo exclusivamente formado de cartas e mapas geográficos do reino e suas conquistas. Todas estas preciosidades foram por ele oferecidas ao rei D. José, que as fez depositar no paço, para com elas compensar a perda da antiga biblioteca régia consumida no terramoto de 1755. Transportadas depois para o Brasil, em 1807, por ocasião da retirada da família real, constituem ainda hoje a maior parte do fundo primitivo da biblioteca pública do Rio de Janeiro.
Para a biografia de Diogo Barbosa Machado pode ver-se o que ele próprio escreveu na Biblioteca Lusitana, 1.º volume pág. 634, e 4.º, pág. 95; e um pequeno folheto, intitulado: Oração fúnebre nas exéquias do Reverendo Sr. Diogo Barbosa Machado, Abade Reservatário da igreja de Santo Adrião de Sever, etc.,... celebradas na ermida de N. Sr.ª da Conceição no sitio de Rilhafoles, no dia 9 de Setembro de 1772, Lisboa, 1773.
Escreveu:
Conta dos seus estudos académicos, recitada no Paço a 7 de Setembro de 1722, saiu no tomo II da Colecção dos Documentos e Memórias da Academia de História; Conta dos seus estudos, etc., em 22 de Outubro de 1724; em 22 de Outubro de 1726; em 7 de Setembro de 1727; em 7 de Setembro de 1731; publicadas na mesma colecção nos tomos IV, VII, e XI; Elogio fúnebre do beneficiado Francisco Leitão Ferreira, recitado no Paço, a 31 de Março de 1735, Lisboa, 1735; Memórias para a Historia de Portugal, que compreendem o governo d'el-rei D. Sebastião, único do nome, desde o ano de 1554 até o de 1561, tomo I, Lisboa, 1736; tomo II (desde 1561 até 1567); Lisboa, 1737; tomo III, (desde 1567 até 1574); Lisboa, 1747; tomo IV, (desde 1574 até 1579), Lisboa,1751. Todos os 4 tomos trazem a estampa comum a todos os frontispícios das obras da Academia, gravada por Francisco Vieira Lusitano, além disso, são adornadas de vinhetas análogas ao assunto, gravadas por Debrie, e no tomo I há o retrato de D. Sebastião, pelo mesmo Debrie; estas Memórias, escritas com grande erudição, contém igualmente muitos documentos notáveis e até então inéditos; As verdades principais e mais importantes da fé, e da justiça cristã, explicadas clara e metodicamente segundo a doutrina da Escritura, dos Concílios e dos Padres e Doutores da Igreja, etc., traduzido do italiano de Monsenhor Dandini, Lisboa, 1729, saiu sem o nome do tradutor; Relação das solenes exéquias pelos Padres da Congregação da Missão, em 25 e 26 de Outubro de 1750, à saudosa memoria d'el-rei D. João V, seu augusto fundador, Lisboa, 1750; saiu sem o seu nome; as inscrições latinas, medalhas e emblemas que ornaram a igreja nesta solenidade, foram compostas pelo autor da Relação; Piis manibus Excellentissimi D. Antonii Aloysii de Sousa Marchionis das Minas, Comitis do Prado, Serinissimis Lusitanice Regibus Petro II, & Joanni V à Sanctioribus Consiliis, in Província Transtagana armorum Proefecti, & Augustissimae Regince Stabulis summi. Proepositi Epitaphium; saiu no tomo VI das Provas da Historia Genealógica da Casa Real Portuguesa, Lisboa, 1748. Consta de um largo elogio lapidário. Publicou-se também: Carta Exortatória aos Padres da Companhia de Jesus da província de Portugal, sem lugar nem ano. Diz-se que foi impressa em Amesterdão, e nos fins do ano de 1754, ou princípios de 1755. Esta carta, em que o seu autor guardou cuidadosamente o anonimato, foi composta em defesa dos padres da Congregação do Oratório, e contra os jesuítas, na guerra doutrinal e literária que estas corporações traziam entre si, à qual vieram dar novo incremento os escritos de Luís António Verney, e os mais que por aqueles tempos apareceram. Barbosa absteve-se de a mencionar na relação das suas obras no tomo IV da Biblioteca Lusitana, mas consta de testemunhos irrefragáveis, ser ele o autor. Os exemplares deste opúsculo, por motivos que se desconhecem, foram todos sequestrados e suprimidos à entrada do reino, escapando três, segundo consta. Contra esta carta escreveu e publicou o erudito Francisco de Pina e Melo uma Resposta compulsória, que a seu turno foi obrigado a suprimir anos depois, quando os jesuítas, cuja defesa ele tomava com muito interesse, foram proscritos e expulsos do reino. A obra mais importante de Barbosa Machado, é sem duvida a Biblioteca Lusitana, já por tantas vezes citada neste Dicionário. Compõe-se de 4 tomos, publicados em Lisboa: o 1.º em 1741, com o título seguinte: Biblioteca Lusitana, História, Crítica„e Cronológica, na qual se compreende a notícia dos autores portugueses, e das obras que compuseram desde o tempo da promulgação da Lei da Graça, até o tempo presente; oferecida á Augusta Majestade de D. João V, nosso senhor; traz o retrato, do autor, e compreende, além do prólogo, licenças elogios, etc., as letras A a E; o 2.º tomo, em 1747; tem igual título, sendo oferecido ao Ex.mo e Rev.mo Sr. D. Fr. José Maria da Fonseca e Évora, Bispo do Porto, do Conselho de Sua Majestade; compreende as letras F a I. Houve quem estranhasse que, tendo sido o primeiro tomo dedicado ao rei, fosse o segundo ao bispo do Porto, e quer por conselho de amigos, ou por ordem ou insinuação superior, o autor teve de mandar, arrancar a todos os exemplares o rosto e a dedicatória, e substitui-los por novos frontispícios; esta substituição foi feita com tanto cuidado e diligência, que é raro encontrar um segundo tomo da Biblioteca, com a dedicatória ao bispo do Porto; o 3.º tomo, em 1752, e compreende as letras L a Z; o 4.° tomo, em 1758, contém adições, ilustrações e emendas aos três primeiros, e os índices gerais de todos.

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